Broken Rock Entrevista #79: Tico Pereira

Publicado por Ketlen Lomazzi, às 12h00

Novas experimentações musicais são apresentadas em novo EP "City Lights", de Tico Pereira


O músico vem divulgando o seu mais recente EP, "City Lights" 

Tico Pereira, músico natural de São Paulo (SP), buscou na música o conforto que sempre quis e foi só ouvir bandas como The Offspring, Bad Religion e Pennywise, para pegar uma paixão avassaladora pela guitarra. Hoje, o multi-instrumentista, cantor, compositor, produtor musical e luthier (Profissional especializado em construir instrumentos de corda), divulga o seu mais recente EP intitulado "City Lights", lançado em outubro do ano passado, no qual  agregou grandes desafios em unir diversas vertentes em cada faixa.

Confira abaixo a entrevista que a nossa repórter Ketlen Lomazzi fez com Tico Pereira e venha conheçar um pouco da trajetória deste grande artista, que ainda lançou em 2020, um EP chamado “Deaf Space”, gravando todos os instrumentos, mixando e também, masterizando todo o processo.

KL: Primeiramente, queremos agradecer a você por ter aceitado o nosso convite para bater um papo aqui na Broken Rock, é uma honra enorme. Conte-nos um pouco do início da sua carreira musical, dos estudos com a guitarra e violão e por fim, da formação acadêmica.

Eu que agradeço! Todos da família do meu pai tocam algum instrumento. Meu pai quem me ensinou os primeiros acordes e músicas: “Stand By Me”, “Let It Be”, “Yesterday”… Depois comecei a ouvir e tocar punk, que ainda é meu estilo favorito. Demorei para escolher qual faculdade queria fazer, não sei se é bom ou ruim, mas nunca fiz nada na vida pensando somente em dinheiro. Resolvi fazer Bacharel em Guitarra. Me formei agora no meio de 2021.

KL: Ser um multi-instrumentista tem lá seus maiores desafios, no momento de aprendizagem. Que tipos de instrumentos você sabe tocar? Qual foi a mais difícil de aprender?

Toco guitarra, baixo, violão, viola, ukulele e bateria. Sempre quis ser baterista, mas não sou tão bom. Piano até sei algumas coisas, mas não digo que toco propriamente. A vantagem de tocar todos os instrumentos é que a composição sai do jeito que você quer, do jeito que estava na sua cabeça. Por isso um produtor é tão importante, é ele quem vai juntar todas as ideias, ser o pilar democrático dentro da composição e extrair o que cada músico pode oferecer. Acho que tenho facilidade em aprender instrumentos, só os de sopro que não são pra mim.

KL: Quais artistas, mais influenciaram fortemente você como músico? E porquê?

Michael Olga do Toy Dolls. Ele pra mim é o maior exemplo de personalidade em executar o instrumento. Não é o pedal, não é o ampli, não é a rede social e sim sua mente e coração. No primeiro acorde você sabe que é ele. Isso também vale para Eric Clapton, Brian May, Tom Morello e Wes Borland. Outra coisa desses caras que mais admiro é que eles não estão competindo pra ver quem é o mais rápido, bonito ou do cabelo mais bonito.

KL: Vamos agora falar um pouco sobre o primeiro EP chamado “Deaf Space”, de 2020. Quais são os conceitos atribuídos a este trabalho? Como foi toda a repercussão dele?

Gravei todos os instrumentos, decidi colocar nesse EP 4 músicas bem diferentes de estilo. Até porque não quero ser classificado como ‘guitarrista de rock ou blues’ ou qualquer estilo. No EP tem um progressivo, jazz, eletrônico e rock. A recepção foi excelente, o mais legal é o pessoal que não toca nenhum instrumento curtir ao ouvir o álbum. Isso foi sensacional!

KL: O ano de 2021, foi marcado pelo lançamento de mais um EP inédito chamado “City Lights”. Como funcionou todo o processo de gravação e produção musical? Durante todo o processo, rolou aquele bloqueio criativo?

Aqui eu também gravei tudo e me desafiei a tocar estilos diferentes, construir instrumentos
para gravar. Acho que concordo com o Anthony Kiedis, no livro dele conta que artistas
compõem quando compõem. Não sei ao certo se existe bloqueio, obviamente tem dias que
não sai nada ou você acha que compôs algo legal, mas no outro dia você acha uma b*. Mas em geral quando toco algo sempre gravo umas ideias pra usar no futuro. Eu sou bem
preguiçoso para compor e gravar, talvez porque eu seja muito exigente e saiba o trabalho que dá gravar uma música. Aliás, dizer que artista é v* é o maior absurdo do mundo. Convido a quem acha isso a ficar 6h dentro de um estúdio.


Capa do EP "City Lights"

KL: Ainda sobre “City Lights”, qual significado é atribuído à ele e de quem foi toda a ideia de criar a arte da capa? Teve alguma ideia inicial?

Eu queria algo engraçado por não me considerar esses guitar heroes. Acho extremamente
brega essas capas de rock, com a cara do sujeito bem sério. Queria também algo meio
blasfemo, mas sem ser grosseiro. A ideia aconteceu porque fiz uma sessão de fotos numa
igreja do centro de São Paulo-SP. A arte é de um artista chamado Raul Gimenez, ele estudou
comigo na faculdade.

KL: Como estão sendo os preparativos para as gravações do novo clipe que será como principal divulgação do novo EP? 

Em questão de tempo teremos vídeo novo. Isso demora pra escolher o local de filmagem e
produção.


KL: Que reflexões você deixa sobre este momento de caos, que o Brasil e o mundo vive?

Muito difícil né? Ainda mais com essa desunião da população. Todo mundo sabe de tudo, tem
certeza de tudo. Quando você se acha muito certo é que na verdade você está muito errado.
Um absurdo nos dividirmos por questões políticas, sendo que os políticos são profissionais da mentira e conquista de poder. Todos eles estão cagando pra nós. Graças a Deus pude compor e viver na minha bolha. Não assisto jornal porque é tudo muito negativo e nocivo. Precisamos tirar alguma lição de tudo isso e infelizmente a chance da humanidade de reaver questões e mudar conceitos não tem acontecido. A chance é essa de mudar, amar, perdoar e sorrir. Eu fiquei internado por 18 dias (5 em coma) e percebi o quão precioso é o nosso tempo aqui.

KL: Para este ano de 2022, quais são seus planos para shows, projetos, parcerias e etc?

Estou sempre pensando em coisas novas. Uma delas é fazer um álbum de covers. Shows com certeza acontecerão.

KL: Para encerrar, deixe um recado para a galera e qual é a verdadeira chave para o sucesso?

Acho primordial ter humildade, não basta ser rápido ou egocêntrico. Música é uma
contribuição, e se você se acha bom ou foda pode ter certeza que não irá a lugar nenhum. É
necessário estudo, um produtor e profissionais além da música em si. Ouça mais, estude mais. Quando lancei a música “City Light” recebi o seguinte comentário: “Coloquei a música vindo trabalhar e deixou minha manhã mais bonita, obrigado pela composição”. Isso não tem preço.

Confira o EP "City Lights" no Spotify: https://spoti.fi/3CBW0Mi
Se inscreva no canal do Youtube de Tico Pereira: www.youtube.com/ticopereiragt 

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